Quem é que não precisa de arte? Em meio a essas muitas redes “antissociais”, escutam-se e leem-se os maiores absurdos. Certa vez, tive o desprazer de ver uma postagem de uma criatura que se orgulhava dizendo não necessitar de artistas. Mas que absurdo!
Quer dizer que essa pessoa nunca se emocionou com uma música? Nunca apreciou uma pintura? Uma escultura? Que nunca assistiu a um filme? Que nunca foi a um circo?… Na verdade, o indivíduo em questão, ou é muito cínico ou, mais provavelmente, no alto de sua ignorância, nem sabe ao certo o que é arte.
Em 1948 a ONU adotou o documento intitulado “Declaração Universal dos Direitos Humanos”. Ele estabelece um conjunto de direitos e garantias fundamentais que deveriam ser asseguradas a todas as pessoas, independentemente de sua raça, sexo, nacionalidade, religião ou qualquer outra condição, ou seja, são aqueles direitos que qualquer indivíduo possui, a partir do nascimento, simplesmente por pertencer à espécie humana.
Entre essas garantias estão, por exemplo, a vida, a liberdade, a segurança, a alimentação, o direito à educação, o direito de não ser torturado, o direito de ir e vir, ao repouso, às férias e a condições dignas de trabalho, direito de opinião e expressão, bem como a reuniões e associações pacíficas, dentre outros. Na verdade, a maioria dos direitos listados nessa Declaração são, a meu ver, justos até mesmo para os animais, de tão básicos que são.
Embora hoje em dia esses conceitos venham sendo distorcidos por parte das pessoas, eles são as premissas para se construir um mundo minimamente civilizado. E, precisamente no seu artigo 27, essa declaração traz aquele que talvez seja o direito mais específico para os seres humanos, aquilo que mais nos diferencia e afasta dos animais: o direito à arte. E numa sociedade tão violenta, tão brutal, tão animalesca (no pior dos sentidos), faz-se ainda mais necessário que se promova a arte e cultura em nosso dia a dia.
Mas viremos o jogo! Usemos essas mesmas redes que tanto espalham mentiras e ódio, para despejarmos toneladas de manifestações artísticas, em formato de música, de poesia, de artes visuais… E procuremos também divulgar os artistas, os produtores da arte, sobretudo aqueles menos conhecidos e/ou que ainda possuem “pouca relevância” nesse mundo virtual. Isso custa zero real.
Conforme dizia o poeta Ferreira Gullar, “a arte existe porque a vida não basta”. Nesse sentido, como direito humano que é, procuremos fazer com que ela componha a nossa “cesta-básica” ou a nossa caixa de primeiros socorros, posto que a arte é, também, um remédio para a alma. Portanto, divulgue arte, consuma arte e, se possível, produza-a também (Do it yourself), em qualquer que seja o formato escolhido. Assim poderemos preencher o espaço daquilo que torna cada um de nós humano, demasiado humano.
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