Defender cortes em educação é o cúmulo da burrice!

Estes últimos tempos têm sido difíceis, sobretudo no que se refere à política brasileira. De uns anos para cá, temos visto uma insanidade coletiva, na qual muitas pessoas, sem nenhuma vergonha, têm defendido as ideias mais absurdas, sobretudo, em seus perfis de redes sociais.

Nestes primeiros meses do governo Bolsonaro, temos presenciado uma série de trapalhadas. Se bem que chamar de governo um grupo de pessoas que vive batendo cabeça é ser demasiado generoso. Mas, enfim, o fato é que temos visto de tudo: insultos públicos entre membros do alto escalão, trocas sucessivas de cargos ligados a vários ministérios, sobretudo na pasta de educação, além das incontáveis idas e vindas em decisões tomadas pelo chefe do executivo.

E nesse conturbado contexto, o alvo mais recente parece ter sido as universidades. Inicialmente, foi anunciado que as instituições que fizessem “balbúrdia” teriam corte de orçamento; depois, o corte (ou contingenciamento, como alguns tentam enfeitar) passou a ser geral. Mais recentemente ainda, foi retirada a autonomia dos reitores para fazer nomeações. Um retrocesso sem tamanho.

E os ceguidores do Bolsonaro (isso mesmo, cegos seguidores), muitas vezes, pessoas que nunca pisaram os pés em uma Universidade Pública (e não me refiro a se matricular, falo de entrar nas instalações, conhecer minimamente), começaram a criticar a instituições de ensino superior brasileiras com base em boatos, ou baseados em vídeos postados nas redes sociais, vídeos esses, muitas vezes, fora de contexto, como forma de justificar o ataque do governo à educação.

Ainda tentando justificar o ataque à educação, os ceguidores do presidente citam o PT o tempo todo, como se mencionando alguma falha cometida por Lula ou Dilma pudessem amenizar o desastre que tem sido as ações empreendidas por Bolsonaro e sua trupe. E a ideia não era, justamente, fazer diferente do PT?

Todos sabemos que o PT cometeu erros e que esses erros não foram poucos. Ponto. Mas é inegável o quanto o acesso à educação melhorou nos últimos anos. Quando cursei o ensino médio, em escola pública, não tínhamos sequer livros didáticos. Quando eu estava concluindo, já no primeiro mandato de Lula, foi que começaram a chegar livros para o primeiro ano. Hoje, ao menos a estrutura das escolas de ensino médio melhorou consideravelmente. Com relação ao acesso ao ensino superior, houve a democratização do acesso às universidades e institutos federais, com a adoção do ENEM como forma de ingresso; foram criadas muitas universidades, com oferta de cursos em várias cidades do interior e, nesse embalo, o número de alunos matriculados em cursos de graduação aumentou de maneira acentuada; os investimentos em educação, idem.

O PT beneficiou os pobres e os avanços sociais são notórios. Por outro lado, os governos petistas, com sua conciliação de classes, foram muitos generosos também com os banqueiros, e com os ricos, em geral. Foi um governo que, até certo ponto, agradou gregos e troianos. No entanto, quando a situação apertou, a corda quebrou do lado mais fraco (como sempre) e a classe menos favorecida foi que pagou a conta em razão das infames políticas de austeridade adotadas por Dilma, sobretudo, a partir da nomeação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, em 2015.

Vimos, no dia 15 de maio de 2019, uma grande manifestação popular em todo o Brasil contra os cortes impostos pelo governo Bolsonaro. A educação é um tema que (assim como a saúde) deveria ser unanimidade, porque não é uma pauta partidária, não se trata da discussão de esquerda e direita, é algo que beneficia a todos os cidadãos e, mais ainda, àqueles que não podem pagar por esses serviços.

Nestes tempos conturbados em que vivemos, respeito aquelas pessoas que, por qualquer que seja o motivo, não quiseram, ou não puderam ir às ruas em passeata defender a educação pública, mas uma coisa é certa e não há como falar bonito, não há como criar eufemismos: ficar nas redes sociais defendendo cortes de investimentos em educação é o cúmulo da burrice. Ponto final.


Fontes:

https://economiadeservicos.com/2016/10/25/panorama-da-educacao-superior-no-brasil/

https://www.opovo.com.br/noticias/politica/2019/05/16/bolsonaro-assina-decreto-que-retira-autonomia-dos-reitores-para-fazer-nomeacoes.html

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