O velho poeta solitário

Relendo alguns sonetos de Florbela
Num calmo entardecer de sexta-feira,
O velho observa os raios, da janela,
Enquanto pensa sobre a vida inteira.

Na mente, os episódios numa tela,
Em filme intenso… Ainda que não queira,
Revive cada cena… E agora apela
Aos mais soturnos versos de Bandeira.

Com tinta azul, qual fosse um denso pranto,
Esboça em seu caderno o desencanto
E arrisca um verso, como alguém que chora.

Não tem a pretensão de ser eterno;
O seu desejo é dar um beijo terno
Na morte que lhe bate à porta, agora!


Obs: Soneto premiado em 7° lugar no XX Concurso “Fritz Teixeira de Salles” de Poesia, em 2022.

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