A copa acabou… E agora, José?

A copa terminou. Os brasileiros, em sua maioria, torceram, gritaram, sorriram, ficaram tristes, choraram… O maior evento do mundo dedicado a uma única modalidade sempre acaba mexendo um pouco com a rotina até mesmo daqueles que não gostam de futebol. E para os que gostam, então, é um grande momento para confraternizar e apreciar o esporte.

Nesta edição de 2018, alguns pontos chamaram a atenção. Negativamente, vale lembrar daqueles brasileiros que foram até a Rússia passar vergonha, promovendo episódios de misoginia, inadmissíveis para o século XXI. Aqui no Brasil, diante da repercussão negativa na mídia, algumas pessoas, inclusive nas redes sociais, tentavam defender os envolvidos ou pelo menos atenuar a gravidade dos atos, como se estes fossem minimamente justificáveis. Verifica-se, portanto, que muitas pessoas ainda aceitam o machismo como algo tolerável socialmente e fica claro que ainda temos muito a avançar em relação a essas pautas.

Ainda no âmbito negativo, ficou claro o quanto a Rússia está atrasada em relação aos direitos individuais, sobretudo no que se refere à questão da orientação sexual. Soou como extremamente patética a orientação para que casais homoafetivos não trocassem carícias em público. Além do mais, um ativista LGBT foi detido após protestar (sozinho e de maneira absolutamente pacífica) em uma praça de Moscou.

Mas em termos gerais a copa foi um sucesso. A seleção brasileira não conquistou o título, como a maioria dos brasileiros sempre sonha, mas perdeu com dignidade, lutando, jogando bem (embora no futebol, nunca haja consenso). É preciso compreendermos, no entanto, que nem sempre se ganha, que a derrota tem muito a ensinar e que sair de uma competição de cabeça erguida é uma grande virtude e valoriza mais ainda o título de quem ganhou.

A copa inspira, nos faz torcer por países com pouca tradição no futebol, como o Panamá,  uma seleção que já se considerava campeã apenas por participar do torneio; nos faz lembrar de países que não são tão referenciados no nosso dia a dia, como a própria Bélgica, que eliminou o Brasil; nos faz pensar em questões históricas e de geopolítica, como os inúmeros memes divulgados nas redes sociais, fazendo referência a Alemanha e União Soviética na segunda guerra mundial; nos faz refletir sobre a questão da imigração quando vimos que muitos jogadores da campeã França são de origem africana… Por essas e outras questões, a copa é um evento memorável.

Por fim, na cerimônia de premiação, ganhou destaque a atitude da presidente da Croácia, a populista conservadora Kolinda Grabar-Kitarovic. Vestida com a camisa da seleção, ela permaneceu, mesmo na chuva, distribuindo abraços e consolando os jogadores do seu país, que haviam perdido a final para a França. Além do mais, chamou a atenção (o que não deveria, até porque é o correto) porque ela pagou do próprio bolso as passagens e hospedagens e ainda descontou do seu salário os dias não trabalhados.

Essa repercussão apenas reflete a descrença dos brasileiros em relação à representação política e ao mau exemplo de muitos políticos do nosso país. No entanto, é preciso tem muito cuidado, pois no desespero em buscar inspiração, muitos acabaram por se encantar com essa representante da extrema direita, que flerta com o nazismo…

Mas a copa acabou. Agora retornamos à nossa rotina e nos voltamos para a eleição que se aproxima. Poderemos ter uma revolução em outubro ou pode ser que mantenhamos os mesmos políticos que aí estão, acabando como nosso país e com os direitos dos trabalhadores. Temos que escolher nossos governantes e nesse processo há muita discussão, muita divergência… Mas uma coisa é certa: apurados os resultados das votações, marcharemos todos juntos… Para onde? Outubro nos dirá…


Fontes:

https://www.nexojornal.com.br/explicado/2018/06/14/Copa-a-hist%C3%B3ria-e-o-futuro-do-maior-torneio-esportivo-do-planeta

http://esporte.ig.com.br/futebol/copa-do-mundo-2018/2018-06-05/copa-do-mundo-gays-proibidos.html

https://extra.globo.com/esporte/copa-2018/ativista-de-direitos-lgbt-detido-em-moscou-por-protestar-durante-copa-22778313.html

https://internacional.estadao.com.br/blogs/radar-global/as-polemicas-nacionalistas-da-presidente-da-croacia/

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