No período político turbulento pelo qual estamos passando, é comum que haja certo descrédito de uma parcela da população em relação àqueles que deveriam nos representar. Esse descrédito é, de certo modo, justificado, pois não são poucos os exemplos de políticos que se aproveitam dos cargos que lhes foram concedidos para tirarem proveitos pessoais e cometerem ilícitos.
Nesse mar de desânimo, é comum também vermos pessoas repetindo que se deve fazer uma renovação política e não reeleger nenhum candidato. Quem defende esse princípio acaba colocando no mesmo patamar todos os representantes políticos, o que é, obviamente, um grande erro. Embora sejam minoria, existem políticos comprometidos com a população, basta olhar os resultados das votações mais importantes do Congresso Nacional.
Por outro lado, muitas pessoas acreditam que não têm o poder de mudar a situação política; esses cidadãos carregam um sentimento de impotência em relação à situação na qual nos encontramos. Isso se deve, em muito, ao fato de que a cada nova eleição, apesar de alguns nomes serem mudados, as práticas, muitas vezes, continuam sendo as mesmas.
No entanto, a questão é mais simples do que possa parecer: é preciso que a população comece a votar em seus pares. Comecemos a mudar a lógica de que quem não tem dinheiro não pode ser eleito. Essa ideia absurda infelizmente ainda está na cabeça de muita gente. É preciso que comecemos a eleger cidadãos comuns para serem nossos representantes, e não apenas os empresários e seus filhos.
Recentemente, houve uma experiência muito interessante na Assembleia Legislativa do Ceará, quando Nestor Bezerra (Psol) assumiu por quatro meses o cargo de deputado estadual. O fato chamou a atenção, sobretudo, porque Nestor é pedreiro de profissão e foi o segundo operário da construção civil a assumir aquele cargo na história do estado.
Esse fato não deveria ser uma exceção; deveria ser a regra. A eleição está se aproximando, e que mais pedreiros, serventes, costureiras, motoristas, agricultores e várias outras profissões sejam representadas no congresso e nas assembleias do país. Se alguém que saiu do nosso meio não souber nos representar, fica difícil acreditar que aqueles que nunca sofreram na pele os problemas que a população enfrenta o faça.
Um outro ponto em que é importante ficar atento diz respeito às coligações que são feitas nas eleições, pois como o voto para deputado é proporcional, é preciso analisar muito bem não somente o candidato em quem votar, mas também o grupo ao qual aquele candidato está unido, pois é possível que votemos em determinado candidato e acabemos beneficiando outro que não tenha compromisso nenhum com o povo. Por fim, a solução para mudar a situação na qual nos encontramos não é negar a política ou simplesmente ficar reclamando dela, mas ocupá-la. Devemos melhorar nossa representação e procurar interferir cada vez mais nas decisões que são tomadas todos os dias. Na eleição de outubro, teremos uma grande chance de começar a mudar nossa realidade.
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